sexta-feira, 15 de março de 2013

Acreditar...



 Acredito que estamos vivendo num tipo de iluminismo do século XXI. Algo mais sutil e ao mesmo tempo escancarado. Vejo pessoas com mentes mais abertas, o número de ateus crescendo, e em contrapartida, religiosos fervorosos acreditando em milagres e expulsão de demônios. Percebo minha geração, aquela na qual convivo, mais em cima do muro - “Acredito em algo maior, mas não no Deus pregado pelas religiões”. Será a criação de um novo conceito sobre o divino e o real? Estamos criando um novo deus? Algo que não pode ser tocado e nem visto, mas que de alguma maneira interfere em nossas vidas.

Com os meios de comunicação alcançando a tudo e a todos, e o acesso a informação disponível para quem bem quiser consumi-lo, é mais fácil expressar nossas opiniões sobre tudo e todos para uma gama de pessoas. E isso é ótimo! Nunca entraremos num consenso, mas discutir enriquece pensamentos e pontos de vista. Acrescenta-nos algo. 

Ou seja, informação tem-se aos montes, o que nos falta é um bom filtro para absorver realmente algo relevante. Temos um modo único de criar nossas crenças, esperanças e objetivos. O que nos falta, falo isso de maneira generalizada, é bom senso para expor opinião e não querer impor ao outro aquilo em que acreditamos.

Circula na internet uma imagem que diz mais ou menos o seguinte: “Milhares de religiões espalhadas pelo mundo, mas apenas a sua é a verdadeira!”

O que acarreta tanta intolerância pelo mundo...


Uma forma um tanto agressiva de dizer uma verdade óbvia. Religião é algo bastante relativo, é uma forma de pensar, e temos um péssimo hábito de achar que aquilo em que acreditamos é a verdade absoluta. E se não for? Deveríamos sempre nos colocar nessa posição de dúvida. Não temos como ter certeza de nada, e para aqueles que acreditam em algo sem balbuciar, parabéns, isso se chama fé!

Como sempre duvido de tudo, não posso dizer que tenha fé. Mas vivendo num mar de questionamento que parecem não ter fim, quem sabe um dia não me torne uma religiosa fervorosa. Acho que a fé é uma forma cômoda de viver. É mais confortável achar que todo esse sofrimento da vida terrena um dia terá fim e virá à vida eterna adornado por anjos e pessoas de luz, do que imaginar que é isso aqui e acabou. Discordar cansa...  Acredito e ponto. E ponho fim a qualquer discussão, mesmo sem argumentos... Mesmo sem provas. Pessoas de fé devem viver mais tranquilas.

Mas, há sempre intenções obscuras tentando manipular essa dedicação de credibilidade extrema para seus interesses sórdidos e que nada tem a ver com pregações religiosas. Por isso, temos que de alguma maneira por em questão tudo. Pois quando acreditamos sem ter que provar nada, apenas acredito, fico a mercê daqueles que detém o poder de conduzir essas pessoas pela fé.

Pois dinheiro hoje em dia está muito fácil de ganhar. Canso de ver o quanto esses líderes religiosos enriquecem com o suor de uma multidão sedenta por tempos melhores, por seu pedaço de céu. O que eles querem agora é poder! Poder para conduzir opiniões, forçar suas convicções para uma quantidade maior de pessoas desacreditadas das próprias qualidades, e por isso, precisa transferir a responsabilidade por suas conquistas, derrotas, curas ou doenças para as mãos divinas de qualquer entidade que prometa aliviar os percalços vividos por todos nós ao longo da vida.

 Respeite às diferenças, seja ela qual for. As pessoas se juntam em torno de uma crença por motivações incomum. Desde que ninguém esteja sendo prejudicado, mesmo que nas maiores das vezes isso não aconteça, não temos o direito de querer mudá-las. Temos que organizar as coisas por dentro, e a exteriorização será natural. Para isso, muitas pessoas precisam de ajuda, é aí que entra o surreal, o divino, o inexplicável.

“Povos e indivíduos esqueceram as realidades interiores, as realidades viventes, e deixaram-se seduzir pelo erro fatal de que o dinheiro é o instrumento da felicidade.”